Com certeza, você já acessou o wi-fi em lojas, restaurantes ou espaços públicos preenchendo o usuário e senha da sua conta pessoal no Facebook (ou outra rede social), certo?
Esse tipo de autenticação de rede, chamado de login social, ganhou muitos adeptos nos últimos anos. Porém, devido a uma série de mudanças recentes nos paradigmas de proteção de dados e uso de informações pessoais por empresas, o login social pode deixar de fazer parte do nosso dia-a-dia logo logo.
Continue lendo para saber mais sobre o recurso e entender qual é o futuro do login social na autenticação e liberação de acesso ao público em redes de wi-fi.
Chamamos de login social o recurso que libera o acesso ao wi-fi através do login e compartilhamento de dados em uma conta de rede social, como o Facebook ou Instagram, por exemplo.
Esse recurso é, normalmente, usado por empresas e/ou espaços públicos que oferecem conexão gratuita como um benefício para clientes e visitantes. Para criar uma tela de acesso via login social, esses estabelecimentos configuram um Captive Portal, normalmente usando soluções de gestão de hotspots.
Quais as vantagens de liberar o acesso ao wi-fi através do login de redes sociais?
É de se imaginar que um recurso que se tornou tão popular no decorrer dos anos tenha alguns benefícios, tanto para empresas quanto para os usuários. A liberação de acesso ao wi-fi através de uma conta do Facebook, por exemplo, realmente tem algumas vantagens. São elas:
Facilidade de acesso para os usuários
A maior parte das pessoas já está habituada a usar contas de redes sociais para fazer o login e liberar o acesso de diversos serviços digitais. Como os dados de acesso dessas redes costumam estar salvos no navegador ou gerenciador de senhas dos nossos dispositivos, o acesso torna-se muito mais prático e rápido.
Compartilhamento de informações públicas
Quando um usuário acessa o wi-fi usando uma conta de rede social, as informações públicas do perfil naquela rede são compartilhadas automaticamente com o estabelecimento. Sendo assim, o login social pode ser um caminho para conseguir captar dados de cadastro como email, foto de perfil, telefone…
Possibilidade de divulgação com check-in em páginas comerciais
Especificamente sobre o login social via Facebook, é possível pedir que o usuário faça check-in em uma página comercial como condição para liberar o acesso ao wi-fi, divulgando a página do negócio. Entretanto, é importante lembrar que essa obrigatoriedade do check-in tem uma série de desvantagens, sobre as quais falamos mais nesse outro artigo.
Leia também: Facebook Wi-Fi: conheça os prós e contras da conexão via check-in na rede social
Apesar ter algumas vantagens mais superficiais, sobre as quais acabamos de falar, o login social esbarra também em uma série de problemas e desvantagens que podem prejudicar a experiência do usuário, a privacidade de dados e a estratégia das empresas.
Possibilidade do usuário desistir da conexão
Nem sempre todos os clientes e visitantes possuem contas ativas em redes sociais para acessar o wi-fi. Além disso, é possível que o usuário não lembre dos dados de acesso do perfil pessoal, já que a senha fica gravada no próprio aplicativo da rede social. Assim, é possível que algumas pessoas desistam de acessar a rede wi-fi por conta desses obstáculos.
Questões de privacidade do usuário
Pensando no marketing de relacionamento, obrigar um visitante a fazer login social pode ser considerado uma forma de acesso invasiva, especialmente para aqueles usuários que tratam as redes sociais com ferramentas mais pessoais.
No caso da exigência do check-in, esse incômodo pode ser ainda mais grave, já que pode existir um desconforto quanto a divulgação pública do local onde o usuário está.
Vulnerabilidade de mercado
Os estabelecimentos que usam o login social estão vulneráveis a aplicações de empresas terceiras, que podem alterar regras e remover recursos a qualquer momento, sem aviso prévio.
Além disso, as empresas proprietárias das redes sociais estão endurecendo as políticas de privacidade para atender exigências das pessoas e de legislações como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Essas políticas dificultam e limitam o acesso a dados de cadastro e a todos os recursos que dependem de integrações com essas mídias.
Inconsistência de dados de cadastro
Embora possa parecer um jeito prático de captar dados cadastrais de clientes, as informações coletadas via login social costumam ter inconsistências: nem sempre o e-mail informado é aquele que o usuário ainda acessa, os nomes podem estar como apelidos e os telefones, nem sempre são existentes ou validados.
Facilidade de “burlar” exigências
A maior parte dos usuários de redes sociais já sabe muito bem como contornar obrigatoriedades como a exigência do check-in em páginas comerciais, colocando a publicação como privada, por exemplo. Com isso, o benefício de divulgação cai por terra.
O ‘mito’ do check-in para divulgação de páginas do Facebook
Há alguns anos, o Facebook incluiu a funcionalidade de Facebook Wi-Fi, que permite que estabelecimentos que possuem páginas comerciais na plataforma peçam que o usuário faça check-in no local para liberar o acesso à rede.
Esse recurso caiu rapidamente nas graças das empresas, que viram no processo uma oportunidade de ouro para divulgar os negócios e expandir a captação de novos clientes, que ficariam ávidos em conhecer o local que o amigo de Facebook tinha visitado.
Porém, depois de um início promissor, o público começou a dar sinais de desgaste e o engajamento com o recurso de check-in começou a cair significativamente.
À medida que o usuário final passou a ter outras opções de acesso ao wi-fi que não envolviam contas de rede social (informando um email ou código de acesso, por exemplo), ele também começou a entender a obrigatoriedade do check-in como uma invasão de privacidade.
Somado às leis de privacidade pessoal, esse fator fez com que o Facebook flexibilizasse o recurso, dando a opção de fazer o check-in em modo oculto ou até de pular o check-in.
Diante disso, o recurso passou a não cumprir mais seu papel central de divulgar os estabelecimentos, tornando-se praticamente um ‘mito’ em sua proposta inicial.
LGPD e o consentimento na captação de dados
As redes sociais, como fonte de registro e armazenamento de dados pessoais, também estão diretamente sujeitas às regras e multas estabelecidas na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) — que estabelece regras claras quanto ao consentimento na captação de dados pessoais e ao repasse dessas informações entre empresas.
Essa legislação trouxe para as organizações uma série de mudanças e restrições, que afetam não somente políticas de privacidade internas, mas também todas as integrações com soluções de terceiros, como as ferramentas de captive portal e gestão de hotspots.
Como consequência, muitas redes sociais podem acabar restringindo e até cortando parte das autorizações de compartilhamento de dados com as soluções integradas.
O acesso à redes de wi-fi públicas já não depende mais somente do login de redes sociais. Com a ajuda de um gestor de hotspots, é possível configurar captive portals que autenticam os acessos com um endereço de e-mail, número de telefone ou com um código de liberação, por exemplo.
Essas alternativas de cadastro direto, desde que amparadas por uma solução adequada às leis de proteção de dados, são mais seguras e transmitem muito mais transparência ao usuário final — que tem acesso aos termos de uso e pode gerenciar as próprias informações em posse da empresa quando quiser.
O cadastro direto entrega ao usuário uma experiência prática e transparente: ele vê quais dados precisa informar, confere a política de privacidade da empresa e decide se quer continuar, sem se preocupar com envolvimento e publicações nas redes sociais.
Além disso, o cadastro direto também permite que as empresas personalizem quais informações querem coletar, sendo muito mais úteis para as estratégias de negócio.
Um bom exemplo a ser citado, vem de várias empresas clientes do WiFire Hotspot — como supermercados, shoppings, cooperativas agrícolas e bancos — que passaram a liberar acesso ao wi-fi por cadastro direto com número de telefone e, com isso, aumentaram o número de clientes conectados e trouxeram um foco mais estratégico aos dados captados legalmente.
As previsões para os próximos capítulos da história do login social não são muito promissoras. Frente a toda complexidade dos fatos que falamos acima, é possível concluir que já existem inúmeras alternativas de captação de dados via acesso ao wi-fi que são mais seguras, eficientes e igualmente práticas.
Com isso, parece ser inevitável providenciar um ‘sepultamento honroso’ deste tipo de recurso. Obrigado, login social, foi bom enquanto durou.
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